20 de mai. de 2009

O som nas narrativas visuais

É incrível perceber o quanto a representação da luz evoluiu aos longos dos séculos enquanto a representação do som continua praticamente a mesma desde a criação dos filacteras na idade média. Mais incrível ainda é perceber que os quadrinhos, onde o som muitas vezes é fundamental, pouco trouxe alem das onomatopéias.

Muitos irão dizer que o que temos hoje de repertorio visual para o som é o suficiente para contarmos ÓTIMAS histórias, mas será que são os suficientes para contarmos todas as histórias? Será que novas possibilidades não gerariam novos tipos de histórias?

Como disse Cildo Meireles: “as coisas do mundo parecem infinitas”, imaginem as coisas que ainda não estão do mundo. Milhares de histórias que seriam enriquecidas ou mesmo só funcionariam com uma forma nova (ou mais complexa) de representar o som. Quantas HQs seriam descaracterizadas sem as diferentes formas de representar a luz? O que seria de “Asilo Arkham” sem as interpolações de hachuras e pintura? O que seria de “Syn City” sem as pequenas intervenções de cor e o alto contraste?

O que proponho nessa postagem é, inicialmente, aplicar o funcionamento do som a sua representação mais ou menos como ouve com a luz. A analogia com a luz é um ótimo começo já que ambas são ondas (a luz uma onda eletromagnética e a som uma anda mecânica) e, portanto tem características comuns o que permitira uma adaptação (mesmo por que imagem é luz e a representação do som num quadrinho também seria imagem).

Uma das características que o cinema e a televisão já exploram é o som tridimensional. O Home Theater é conseqüência desse estudo do som. As saídas de som são colocadas de forma a imitar a passagem do som como se estivéssemos na cena. Apesar de interessante uma representação do som nos quadrinhos, levando em conta seu funcionamento seria algo como uma “perspectiva sonora”. Isso fica claro quando pensamos na intensidade e a propagação do som a diversas distâncias. Quanto mais próximo da fonte mais intenso é o som. Pensando nesse sentido podemos aplicar a perspectiva visual à representação do som.


Outra característica do som ignorada é o timbre. O timbre é o que nos permite diferenciar sons de freqüências iguais vindas de fontes diferentes. O timbre e o que diferencia as vozes, e a sonoridades de cada instrumento musical. Visualmente essa diferenciação é pouco explorada nos quadrinhos (apenas onomatopéias e às vezes algum personagem recebem uma diferenciação em seus diálogos). A tipografia e a cor dos diálogos são exemplos de como podemos criar diferentes timbres para personagens (a cor mesmo é uma diferença na freqüência das ondas de luz).

Muitas idéias podem ser retiradas da poesia concreta para criar diferenciações no som. Disposição e organização das letras podem mostrar trajetórias, reflexão ou a sobreposição do som. Essas diferenciações podem ser usadas para organizar (como a perspectiva faz com a imagem), para enganar o leitor ou como base para distorções.

Bom... essa é apenas a minha hipóteses, pode (e deve) existir outras possibilidade. Alem disso esse pequeno texto ainda carece de muitos detalhes técnicos antes que posso se tornar algo realmente interessante!

Flw


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