14 de mai. de 2009

Pela estrada...


Falar do próprio trabalho é sempre um martírio... Ou se acha que esta esquecendo algo ou se crê que o trabalho é o melhor do mundo... A dificuldade é não cair em nenhuma das pontas. Alguns podem dizer que se o trabalho for bom não precisa ter discurso nenhum. È... Eu concordo, se o trabalho for bom uma hora alguém percebe, vide Van Gogh, morreu na miséria e hoje tem telas vendidas a milhões (isso não foi uma comparação!).

Mas... Como tenho um blog e ele precisa de material estou escrevendo esse pequeno texto (e em parte também é insegurança... Por isso comentem pra eu poder me gabar ou me matar!).

“Pela estrada” é uma adaptação de um conto de fadas (bom, se vocês não sacaram não vou contar pra não estragar a surpresa), um projeto que inicialmente era apenas uma forma de treinamento. Conforme comecei a desenvolver o roteiro percebei que não fazia sentido apenas escrever um bom roteiro, um roteiro fiel ao conto, 90% da população já deve conhecer a história precisava mostrar um novo ponto de vista. Não acrescentar ou mudar a história, apenas mudar o ponto de vista.

Alem de precisar mudar o ponto de vista queria resgatar a idéia de terror dos contos de fadas antigos e ainda por cima continuar explorando as idéias que coloquei em “kitsune”, lapidar a questão do som e do layout. Era uma tarefa difícil, mas as coisas foram acontecendo naturalmente (por sorte).

A primeira coisa que queria fazer era tirar toda aquela doçura que a Disney colocou nos contos de fada (acho que esse conto não foi adaptado, mas viro regra: conto de fadas = a melodrama açucarado). Iria resgatar a idéia de terror que os contos possuíam antes da Disney. Essa meta que gerou as outras mudanças.

O terror nas HQs anda meio capenga (pelo menos as coisas que vem sendo publicadas no Brasil), minhas referencias para produzir “pela estrada” foram do cinema. A principal foi “Bruxa de Blair” (por isso a citei na postagem anterior). Na verdade eu chupinhei mesmo a idéia (como não sou o primeiro, “Cloverfield” fez isso ano passado acho que não tem problema) a história toda é mostrada pelos olhos do personagem principal. Isso gera algumas diferenças entre “Bruxa de Blair” e “Pela estrada”. Na bruxa a história é mostrada por uma câmera, o que está gravado depende de uma pessoa, só que a câmera não é influenciada pelo psicológico, tudo o que foi gravado existe, já em “pela estrada” vemos dos olhos de um personagem, seus medos, sua imaginação, as coisas que ele conhece podem distorcer a realidade. Criamos assim um narrador não confiável. Na verdade nenhum narrador é confiável, apenas achamos que são, porem em “pela estrada” tentei transparecer ao máximo que o que é mostrado pode não ser exatamente como é.


Outra questão importante que me interesso foram os diálogos. Na História eu não coloco as falas do personagem principal, apenas as dos personagens secundários. Como a idéia era colocar o leitor na pele do personagem achei natural tirar as falas dos personagens principal e deixar que o leitor deduza através das falas dos personagens secundários. Isso dá uma liberdade parcial para que o leitor interfira na história, ele não pode decidir o que os personagens secundários falam nem o que o personagem principal vai dizer, mas pode decidir como ele vai dizer, sua intensidade e as exatas palavras na sua cabeça. Essa idéia me fez pensar em deixá-la totalmente sem falas, tudo a cargo do leitor, porem achei que deixar um toque do conto seria melhor.

Por ultimo continuei com minhas pesquisas da representação do som, mas sobre isso vo falar em outra postagem.

Flw!

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