12 de out. de 2012

Cosmopolis - O pior Cronemberg...



A maior infelicidade que existe é conseguir tudo o que queremos... Eu parafraseie alguém importante que não estou a fim de procurar quem é pra dizer que essa frase serve tanto pra Eric [personagem principal] quanto pro Cronemberg...

Bom vamos explicar: Pattinson é Eric, um jovem de 28 empresario multimilionário  que em plena crise do capitalismo decide que vai atravessar a cidade no meio de uma visita do presidente, protestos e um funeral pra cortar o cabelo. Enquanto enfrenta os quilômetros de engarrafamentos ele encontrar todo o tipo de gente para discutir negócios, seu casamento, arte e o próprio capitalismo e no meio disso tudo ele ainda descobre que querem mata-lo. 

Parece chato né? bom some a esse "saboroso" enredo as "viscerais" interpretações de Pattinson e de Sarah Gadon e você terá um ótimo prato de sopa fria! Em poucos minutos da inusitada ida pro barbeiro vemos que Eric tem tudo mas não sete nenhuma emoção, ele anseia por algo na vida, em diversos mementos ele faz coisas extremas ou cogita faze-las e mesmo assim não vemos nenhum pingo de sentimento, tem conversas "profundas" sobre o capitalismo, a vida, segurança, mas em nenhum momento os personagens parecem ouvir um ao outro. 

Claro que é tudo proposital, Cronemberg queria passar essa sensação de monotonia, de alienação, mas a grande falha do filme é que essa sensação é constante, Os personagens estão no modo Robot nos 90 minutos do filme... Muitos filmes trouxeram essa sensação de maneira muito mais eficaz como em Blowup de Antonioni, onde os personagens eram alienados, quase não esboçavam emoção, mas em alguns momentos havia a quebra nas interpretações tornava os momentos frios muito mais impactantes, Cronemberg se esforçou tanto em passar essa frieza que conseguiu! Tornou um filme que poderia ser uma ótima reflexão numa filme pretensioso.

Mas o pior sobre o filme são as criticas exacerbadas... "os seus sarcasmos em elaboradíssimos diálogos são pontuais, impulsionam a narrativa e fazem surgir importantes tiradas sociais" apenas um das dezenas de elogios ao filme, mas vamos destrinchar essa frase:
Esse é uma frase de Eric para um sócio [eu acho]


"tudo é uma maravilha e significamos algo nesse mundo. as pessoas comem e dormem à sombra, do que construímos. e Ao mesmo tempo..." 

"O que? Alguma razão para estarmos no carro ao invés do escritório?"

Sim, Cronemberg foi sarcástico aqui, Eric mexe com tecnologia e é um ótimo analista de dados, mas ele não constrói nada, nota-se isso desde a primeira frase do filme onde ele insiste em ir cortar cabelo onde ele sempre corta cabelo, ele não tem imaginação pra construir nada, mas esse dialogo não leva a narrativa pra frente por que não trás nada de novo é apenas reforçando a característica de Eric [o filme fica o tempo todo fazendo isso...]

fazem surgir importantes tiradas críticas
Em muitos momentos Eric e questionado sobre o capitalismo, sobre por que ele pode ter tudo e se é justo, mas em nenhum momento vemos as pessoas indignadas com esse fato, mesmo a garota que protesta sobre a venda do tempo para Eric não parece ficar muito abalada em estar numa limousine bebendo a vodka de um bilionário, mesmo se for uma critica as pessoas que criticam o capitalismo [nossa..longe isso...] ele perde a força devido ao tom neutro das interpretações...

Mas se vocês querem ver um filme do Cronemberg com critica, sarcasmo, cinismo assistam "A mosca",  "Video Drome" ou mesmo um entretenimento mais simples como "senhores do Crime", mas se você quiser parecer um intelectual esse é um ótimo filme, ele é vazio mas transborda conteúdo...