3 de mai. de 2009

Dia dos mortos - George A. Romero

Em primeiro lugar, venho dizer que voltei! Depois de uma gripe, uma onda de trabalho para terminar minha nova historia e um feriado eu voltei! Infelizmente não com desenhos, e sim, com uma retratação. Nesse dia 3 de maio houve no “cine Dom José” uma sessão só sobre zumbis, com destaque para o trabalho de George A. Romero.

Eu tenho que admitir... Para um cara que deseja produzir suas próprias historias não conhecer os trabalhos de Romero é um erro, isso para sermos benevolentes. Graças a “Virada Cultural” pude reverter esse erro! O “cine Dom José” exibiu os 3 filmes da quadrilogia de zumbis do ótimo cineasta: “A noite dos Mortos-vivos” (1968), “O Despertar dos Mortos-vivos” (1978) e “Dia dos Mortos-vivos” (1985).

Os dois primeiros filmes são fodas! Em minha opinião transcende o subgênero “Zumbi”. Além das criticas que todo mundo ta cansado de repetir (principalmente do “O Despertar dos mortos-vivos” sobre o consumismo) temos um estudo sobre a convivência social, uma marca dos filmes do diretor. Os zumbis parecem em perfeito equilíbrio, enquanto que as pessoas, os fugitivos, estes estão sempre em conflitos, a maioria desnecessários, egoístas, mesquinhos, e é em “O dia dos Mortos-vivos” que Romero explora mais esse problema.

É aqui que eu queria chegar!

Dia dos Mortos e o filme mais injustiçado de Romero. Depois que conheci o diretor fui atrás de mais informações e tudo que eu li foi visões superficiais desse filme. Acho que pelo fato de o tema ser o mesmo as pessoas não prestaram atenção, não leram as entrelinhas, foram hipnotizados pelas cenas de violência e pela maquiagem tosca (não sei se pelo orçamento limitado ou se o maquiador Tom Savini se acomodou...).


Sinopse:

Em uma base militar, um grupo misto de civis e militares luta contra a praga que retorna os mortos a vida. A luta contra os zumbis chega ao ponto crítico: a cada dia um soldado morre, as comunicações seção, os cientistas não alcançam resultados, a munição e os suprimentos estão acabando, a loucura começa a se instalar na base e cada personagem vai reagir de modo diferente: a medica Sarah tenta manter as esperanças por mais que os fatos indiquem o contrario; Doutor Logan (vulgo Frankenstein) busca de todas as maneiras uma forma de controlar os zumbis, Cap. Rhodes busca controlar tudo e todos, O piloto John tenta se manter neutro nesse conflito e sobreviver para viver em uma ilha deserta.

Dia dos Mortos é o filme mais claustrofóbico da serie, o filme se passa quase inteiramente numa base militar que já foi uma mina. A idéia de claustrofobia se agrava ainda mais com a falta de luz em alguns cenáriosidéia e pela idéia de contagem regressiva. Os soldados vão morrendo um a um, os recursos vão se esgotando com o passar do filme: No começo sabemos que a munição está no fim, mais a frente descobrimos que não existe mais comunicação de Washington e por ai vai.

Os perosagens secundários merecem destaque. Cada um tem uma personalidade marcante e carismática, mesmo o mestiço (que não lembro mais o nome) que não é carismático tem papel fundamental para a trama e por ultimo Bub, que é o gancho para o próximo filme da série. Bub é o zumbi de estimação de Dr. Logan. Logan percebe que os zumbis podem se recordar de maneira precária sobre suas vidas nessa “existência”. Então passa a domesticar Bub, que em pouco tempo demonstra grandes avanços, principalmente o uso de instrumentos complexos como uma arma de fogo. Claro, Bub não teve uma interpretação genial e a maquiagem não ajuda também, mas ele acrescenta na mitologia de Romero e é também o responsável por colocar os espectadores em um dilema moral. Dr. Logam para domesticar Bub oferece como prenda a carne dos soldados mortos, Logan surrupia os corpos e os guarda em um congelador e com forme Bub aprende novos truques é recompensado com carne.

Bub também muda totalmente o conceito de zumbis, ele é um zumbi humanificado, sabemos que ele se recorda de sua vida passada ele sente raiva quando Rhodes aponta uma arma para ele e ele sente dor quando vê o corpo de Logan. Nos outros filmes Romero sempre deixou duvida quanto a isso. Para os cientistas os zumbis eram um outro tipo de ser, para os personagens eles ainda tinham algo de humano (a explicação para os zumbis se reunirem em determinados pontos), mas só em Dia dos Mortos é que temos certeza de que eles não são corpos em movimento, existe um resquício de alma neles. Outro dilema moral, de certa forma os zumbis são humanos, não tem culpa, pode haver esperança para eles.

O final também engana. Aparentemente é o final mais feliz, Sarah o piloto e o técnico de radio fogem para uma ilha deserta, estão pescando sob o sol numa praia. Porém, como já vimos, não sobrou ninguém no mundo, ninguém nos rádios, ninguém nas cidades (no começo do filme Sarah ia a cidades próximas atrás de sobreviventes, mas a falta de recurso, os riscos e as constantes decepções levam essas missões a serem encerradas), era o fim do mundo como conhecemos (pra mim teria sido o melhor final para a serie... mas depois em “land of the Dead” esse final é mio que desmentido...)

Bom é isso, espero que tenha ajudado a retratar o filme e nivelar com os outros dois da serie.

Quem quiser saber mais sobre o Romero entra no site Boca do Inferno:

boca do inferno

E assistam os filmes!

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